A Síria foi bombardeada por mísseis e 5 oficiais iranianos morreram: o que isso significa para o Oriente Médio e o mundo?

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No dia 20 de janeiro de 2024, um ataque aéreo atribuído a Israel atingiu uma base militar na capital da Síria, Damasco, matando cinco membros da Guarda Revolucionária do Irã, que apoia o regime de Bashar al-Assad. Esse foi mais um episódio da longa e complexa guerra na Síria, que envolve diversos atores regionais e internacionais, e que tem repercussões políticas, econômicas e humanitárias para o Oriente Médio e o mundo.

Israel e a guerra na Síria


Israel não reconhece oficialmente a sua participação na guerra na Síria, mas admite que realiza ataques pontuais contra alvos que considera uma ameaça à sua segurança, como o Irã e o Hezbollah, grupo libanês aliado de Assad. Israel vê o Irã como o seu principal inimigo na região e acusa o país de desenvolver armas nucleares e de apoiar grupos terroristas que atacam o seu território. Por isso, Israel busca impedir que o Irã consolide a sua influência na Síria, que faz fronteira com o Estado judeu.

O Irã, por sua vez, nega as acusações de Israel e afirma que o seu envolvimento na Síria é legítimo, pois visa defender um aliado contra grupos rebeldes e extremistas, como o Estado Islâmico. O Irã também acusa Israel de violar a soberania e a integridade territorial da Síria e de desestabilizar a região com as suas ações militares.

Impacto global e a posição dos EUA

O conflito na Síria tem um impacto global, pois envolve potências mundiais, como os Estados Unidos, a Rússia e a China, que têm interesses divergentes e disputam a influência na região. Os Estados Unidos apoiam a oposição ao regime de Assad e impõem sanções ao Irã, mas têm reduzido a sua presença militar na Síria, sob o argumento de que querem evitar um confronto direto com a Rússia, que apoia Assad.

A posição dos EUA em relação à guerra na Síria e ao papel de Israel tem gerado controvérsias e críticas, tanto internas quanto externas. Em janeiro de 2024, o presidente dos EUA, Joe Biden, surpreendeu o mundo ao declarar que Israel estava cometendo um genocídio contra o povo palestino e que os EUA não apoiariam mais incondicionalmente o Estado judeu. Essa declaração provocou uma forte reação de Israel, que acusou Biden de trair um aliado histórico e de incentivar o terrorismo. Além disso, a declaração de Biden gerou problemas políticos e econômicos para os EUA, que enfrentaram protestos de grupos pró-Israel, pressões de aliados europeus e árabes e ameaças de boicotes e sanções de países contrários à sua posição.

Consequências do conflito

A guerra na Síria tem causado graves consequências para o país e para a região, como:

A morte de mais de 500 mil pessoas, entre civis e combatentes, desde o início do conflito, em 2014;

O deslocamento de mais de 13 milhões de pessoas, entre refugiados e deslocados internos, que sofrem com a falta de assistência humanitária, a violação de direitos humanos e a discriminação em outros países;

A destruição de infraestruturas, patrimônios históricos e culturais e recursos naturais, que comprometem o desenvolvimento econômico e social da Síria e da região;

A proliferação de grupos extremistas e terroristas, que se aproveitam do caos e da violência para recrutar militantes, realizar ataques e espalhar o medo e a intolerância;

A instabilidade política e a insegurança regional, que aumentam o risco de escalada e de conflitos entre os países envolvidos, com potencial de gerar uma guerra de maiores proporções.

Negociações de paz

Apesar da gravidade da situação, há esforços para buscar uma solução pacífica para o conflito na Síria, por meio de negociações entre as partes envolvidas, com a mediação de organizações internacionais, como a ONU, a União Europeia e a Liga Árabe. No entanto, essas negociações têm enfrentado diversos obstáculos, como:

A falta de consenso sobre os termos e as condições para um cessar-fogo, uma transição política e uma reconstrução nacional;

A falta de confiança e de compromisso entre as partes, que frequentemente violam os acordos e as tréguas estabelecidos;

A falta de representatividade e de legitimidade de alguns atores, que não reconhecem ou não são reconhecidos por outros;

A falta de apoio e de coerência da comunidade internacional, que muitas vezes age de forma contraditória ou interesseira.

Lembrando os mortos

Em meio ao cenário de guerra e de sofrimento, é importante lembrar e homenagear os mortos, que foram vítimas de uma violência injusta e desnecessária. Lembrar os mortos é uma forma de reconhecer a sua dignidade, de honrar a sua memória e de expressar a nossa solidariedade. Lembrar os mortos é também uma forma de resistir à indiferença, de denunciar as atrocidades e de exigir justiça. Lembrar os mortos é, ainda, uma forma de preservar a esperança, de valorizar a vida e de buscar a paz.

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